Número de inadimplentes cresce no Brasil e já chega a quase metade da população adulta

Dados do SPC Brasil aponta que o país tem 62,83 milhões de endividados em todo o Brasil

Atualizado em maio 26, 2020 | Autor: Michelle
Número de inadimplentes cresce no Brasil e já chega a quase metade da população adulta

A crise do novo coronavírus (Covid-19) não impacta somente o sistema de saúde de todo o Brasil. Em meio à pandemia, o número de inadimplentes do Brasil cresceu 2,91% em relação a abril de 2019. Segundo dados do SPC Brasil, o total de consumidores negativados chegou a 62,83 milhões, o equivalente a 40,01% da população adulta do país.

O estudo, que abrange informações de capitais e interior de todos os 26 Estados da federação, além do Distrito Federal, aponta que o número de devedores com participação mais expressiva no Brasil em abril está na faixa etária de 30 a 39 anos (25,0%), sendo em sua maioria (50,78%) mulheres.

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Além disso, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 3.206,72 na soma de todos os débitos. Entre os débitos, destacam-se os setores de água e luz, que apresentam forte crescimento de 18% em relação a 2019.

Como ajudar quem quer pagar suas dívidas?

Na visão do presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, o que se espera para os próximos meses é uma incerteza muito grande: “A pandemia do novo coronavírus e as medidas de contenção do contágio via isolamento social terão forte impacto na demanda interna. Ainda não é clara a extensão deste impacto sobre a economia brasileira, mas, sem dúvida, ele vem na direção negativa. É provável que a recuperação econômica seja interrompida e que vejamos aumento de desemprego, queda na renda e consequente piora nos números de inadimplência”, apontou Pellizaro.

Sua opinião é corroborada pela economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. Segundo ela, é preciso gastar menos em um período tão incerto como o atual.

“Os impactos da piora na economia em meio ao cenário da pandemia de coronavírus devem ser sentidos pelo consumidor. Por isso, o momento requer muita cautela na hora de decidir como utilizar o dinheiro, a fim de evitar a inadimplência. O ideal é gastar apenas com o necessário e, se possível, buscar construir uma reserva de emergência para fazer frente a um eventual imprevisto”, aconselha Kawauti.

Três em cada quatro brasileiros tiveram o padrão de vida afetado pelas dívidas

Ainda segundo o SPC Brasil, 75,2% dos inadimplentes relataram terem sofrido o impacto das dívidas no padrão de vida – sendo 39,8% parcialmente e 35,3% totalmente. Isso explica por que seis em cada dez endividados (60,0%) estavam altamente preocupados com a situação de inadimplência em que se encontravam.

Não conseguir pagar a dívida (30,8%) é o principal temor dos endividados ouvidos no levantamento, seguido de não poder parcelar novas compras (13,8%), ser considerado desonesto (11%), não conseguir emprego (8,5%) e não poder fazer empréstimos (8,2%).

Quatro em cada dez endividados buscaram alento em atividades que os ajudassem a não pensar nos problemas resultantes da inadimplência

A situação de inadimplência é capaz até de tirar o sono dos endividados, literalmente: 42,8% relataram terem sofrido com insônia ou excesso de vontade de dormir e 32,3% apresentaram modificações no apetite, sentindo mais ou menos fome do que de costume. Isso também faz com que as pessoas estejam mais suscetíveis a enfrentar problemas de saúde mental, como depressão.

Evite a chamada bola de neve

Além disso, quatro em cada dez endividados (40,8%) procuraram se dedicar a atividades que os ajudassem a não pensar nos problemas advindos das contas em aberto, 28,2% aliviaram suas ansiedades em algum vício (como cigarro, bebida ou comida) e 24,7% acabam comprando mais do que de costume – ou até perdendo o controle do consumo.

“Nem todos os consumidores conseguem lidar com a inadimplência de forma racional. Muitas vezes, a pessoa fica tão frustrada ao descobrir que está endividada que busca evitar lidar com a situação alimentando comportamentos negativos, como descontar em vícios ou até em compras excessivas. Esse tipo de atitude pode aumentar ainda mais as dívidas, gerando uma espécie de círculo vicioso e deixando o inadimplente em uma situação pior do que estava antes”, explica a economista.