A internet prejudica sua inteligência?
A maior revolução tecnológica até o momento com certeza facilitou a vida de todos nós, mas ao mesmo tempo está sendo responsável pelo déficit desenvolvimento intelectual
Pesquisadores de ciências neurológicas de universidades renomadas na Europa e Estados Unidos estão avaliando os efeitos tóxicos da internet no nosso desenvolvimento intelectual e cognitivo.
O que acontece é que a internet é vasta em informações prontas e direcionadas. Sem perceber, deixamos de racionalizar as informações captadas de forma crítica, em busca de entender com mais profundidade os assuntos encontrados na rede. Existe ainda a facilidade de encontrar tudo mastigado, sem que precisamos nos esforçar para obter tais conhecimentos.
Quer um exemplo? Pensa em 3 números de telefone de amigos ou familiares que você decorou nos últimos 6 meses?
Passou no teste? Eu acho que não. Isso porque nós sabemos que os números de telefone estão salvos na agenda do celular e, caso precisemos trocar de aparelho, basta fazer um backup dos contatos.
Enquanto os aparelhos eletrônicos possuem uma memória que salva todas as informações, quando completam sua capacidade, o que fazemos é apagar arquivos menos importantes para dar espaço as novas informações ou compramos mais memória. No cérebro humano isso não é possível, não se compra mais memória intelectual. Então, naturalmente nossa mente faz uma limpeza de informações de forma involuntária, não temos a capacidade de escolher do que preferimos lembrar. Uma parte das lembranças vão embora dando lugar a memórias novas.
Criamos uma dependência dos aparelhos tecnológicos a tal ponto de confiarmos a eles todas as nossas principais informações, desde dados financeiros, até o conhecimento de nossas emoções. Nossa vida pessoal se encontra nas redes sociais para amigos e estranhos, que se envolvem diretamente nas nossas decisões, e nós, na de todos que lá também estão. Passamos a tomar como verdade, algo que alguém com muitos seguidores falou, e nem sequer procuramos saber as origens das informações que estamos recebendo.
Os softwares estão cada vez mais avançado e todas as nossas atividades foram robotizadas, os sistemas podem fazer nossa contabilidade, um desenho estrutural de uma obra arquitetônica é desenvolvida com mais facilidade, ganhando muito mais tempo em programas de computador que no passado, quando eram necessárias horas de desenhos e cálculos manuais. Em um futuro bem próximo, os aplicativos substituirão médicos e laboratórios na identificação de doenças. A tecnologia nos dá mais tempo e paradoxalmente nos rouba todo o tempo. Hoje em dia, não usamos mais dicionário impresso ou fazemos cálculos rápidos, o celular dispõe de buscador de significados das palavras e calculadora para isso.
Sem habilidade de concentração
Outra questão que faz parte dos estudos é o uso da internet, principalmente nos smartphones, que competem com a nossa atenção o tempo todo. Dentro de um smartphone carregamos milhares de amigos e familiares nas redes sociais e contatos, que disputam a nossa atenção a todo instante, seja no trabalho ou na escola. Quando recebemos uma mensagem, já desperta em nós um alerta para checar e, mesmo quando não é algo tão relevante, o olhar para a tela luminosa já desviou completamente sua capacidade de foco no que estava executando, sem contar na quantidade de memes e conteúdos que nos interessam nas redes sociais, que chegam como avalanche, despertando a curiosidade de visualizar tudo, e acabamos perdendo um tempo preciosíssimo com inutilidades. Temos e-mails conectados à smartphones que chegam a todo o momento. Em alguns deles, as notificações são apenas de publicidade e mesmo assim vão competir diretamente com a atividade que você estiver fazendo no momento.
Crianças com menos QI
O futuro do progresso da sociedade está em jogo. As crianças já nascem com toda essa tecnologia da vida acelerada. Elas não têm tempo pra brincar de jogos com habilidades físicas e estão muito ocupadas com jogos eletrônicos. São crianças que estão crescendo usando uma calculadora para fazer cálculos a partir de 3 dígitos e nasceram com a linguagem encurtada das mensagens de texto que trocamos nos apps de conversa.
A rede de TV americana BBC, fez uma entrevista com o médico neurocientista Michel Desmurget, que escreveu um livro chamado de “A Fábrica de Cretinos Digitais”, onde ele conta suas pesquisas com a nova geração e apresenta o pior resultado de QI da história. Os efeitos da tecnologia são identificados como as principais causas para esse fato ocorrer, já que as crianças passam mais tempo em interação com atividades online que geram satisfação e prazer, do que na realização de tarefas relacionadas a escola e aprendizagem.
Para Michel, não é necessário que se rompa com as tecnologias e a internet, mas que exista um controle racional entre as atividades que são essenciais à resposta neurológica de desenvolvimento intelectual, com a atenção as telas e notícias geradas pela rede.
É preciso estimular o cérebro humano a se exercitar e se desafiar a aprender coisas novas, não apenas captar informações rasas.