Após Brasileiras ‘Mapearem’ Genoma do Coronavírus, País Inicia Produção de Vacina Para Combatê-lo

Duas cientistas brasileiras conseguiram fazer o sequenciamento do genoma do Coronavírus, em menos de 48 horas, e a partir dele estudam como produzir vacinas que combatam a doença

Atualizado em março 6, 2020 | Autor: Michelle

A crescente epidemia causada pelo Coronavírus segue causando uma repercussão mundial. O 2019-nCoV (nome científico da doença) começou a se manifestar em Wuhan, na China, onde vários casos surgiram e, na época, despertaram a suspeita de pneumonia, que estava ligada a ingestão de frutos do mar. Porém, após o alerta, as autoridades locais investigaram a doença misteriosa e descobriram que não se tratava de algo já conhecido. A partir disto, o vírus ficou conhecido mundialmente como Coronavírus, e colocou todos os países do mundo em alerta. 

Apesar da demora, mais recentemente, o Brasil acabou entrando na rota da epidemia, tendo seus primeiros casos da doença confirmados durante o Carnaval. Porém, as autoridades brasileiras ainda tratam a disseminação com zelo e sem um alerta máximo, apesar de trabalhar com total atenção e recomendações para a prevenção do vírus.

Anúncios


Apesar da ameaça, a entrada do Coronavírus no Brasil, fez com que os profissionais da área de saúde pudessem estudá-lo. E assim, duas cientistas conseguiram em menos de 48 horas fazer o sequenciamento, que é uma espécie de ‘mapeamento’ do genoma do Coronavírus.

Com ele em mãos, agora o país começa a realizar pesquisas e produção de possíveis vacinas que combatam a doença que já matou milhares de pessoas ao redor do mundo. Outros países também estão agindo e buscando formas para combatê-lo, à medida que o vírus se espalha.

Apesar de ainda não existir nenhuma vacina comprovadamente eficaz, em alguns países já trabalham com protótipos que foram desenvolvidos e vão ser testados em animais. A cientista Kate Broderick, relatou que teste em humanos poderá dar início nos próximos meses. 

Em seguida, especialistas começaram a pesquisar e estudar vacinas e substâncias para combate ao vírus. De acordo com a Agência Brasil, um grupo de cientistas da Catalunha criou um medicamento para ajudar no combate ao novo coronavírus. Os primeiros compostos vão começar a ser testados, em abril, no laboratório. Os primeiros ensaios em animais devem acontecer antes do verão.

Os tratamentos estão sendo desenvolvidos graças a uma parceria entre três instituições científicas, que conta com o apoio da multinacional farmacêutica Grifols. O Barcelona Supercomputing Center (BSC), um centro espanhol de investigação, irá aplicar a bioinformática, de modo a ter uma ideia de como é que o medicamento é capaz de neutralizar o coronavírus.

Já o instituto IrsiCaixa, com sede no Hospital Germans Trias e Pujol, em Badalona, vai projetar os anticorpos com base em informações fornecidas pelo BSC. Além disso, irá testá-los em culturas de células vulneráveis ao coronavírus. O Centro de Pesquisa em Saúde Animal (CreSA) realizará os testes em animais.

Em teleconferência realizada entre os investigadores da IrsiCaixa e os institutos de Marselha, na França, e Munique, na Alemanha, foi estabelecida uma colaboração internacional para acelerar o desenvolvimento de medicamentos e vacinas.

 O que se pretende é apresentar o projeto à Iniciativa sobre Medicamentos Inovadores (IMI), da Comissão Europeia, que este mês vai destinar 30 milhões de euros para projetos de pesquisa sobre o coronavírus.

“Não começamos do zero”, disse Alfonso Valencia, investigador do Icrea, uma instituição catalã de pesquisa e estudos avançados.

“Durante a epidemia de ebola na África Ocidental, desenvolvemos métodos computacionais para desenvolver terapias baseadas na informação do genoma do vírus. No entanto, a epidemia foi resolvida antes de as terapias serem aplicadas. Assim que o genoma do novo coronavírus foi publicado [em 10 de janeiro], pensei que era hora de tirar proveito de todo o trabalho que tínhamos feito”, acrescentou.

Os métodos computacionais conseguem revelar a estrutura tridimensional da proteína que o vírus usa para se conectar às células que infecta. A partir daí, permitem perceber a maneira como os anticorpos bloqueiam a entrada do vírus nas células.

O novo coronavírus tem proteínas chamadas Spike, que arquitetam a sua membrana dando-lhe uma aparência de coroa, quando vistas ao microscópio, sendo por isso chamado de coronavírus. 

Essas proteínas permitem que os recetores específicos, chamados de ACE2, se mantenham na membrana celular. Diante disso,, a estratégia será projetar anticorpos que impeçam a ligação da proteína Spike aos recetores ACE2.

O plano de trabalho pressupõe a criação física dos anticorpos no IrsiCaixa a partir dos dados de bioinformática fornecidos pelo BSC. Além disso, estão sendo ser criados quatro anticorpos que estarão disponíveis para ique sejam iniciados os ensaios em culturas de células dentro de quatro a seis semanas.

“Os anticorpos têm a vantagem de ter efeito duradouro, portanto, uma única injeção deve ser suficiente para tratar uma infeção aguda”, explicou Nuria Izquierdo-Useros, a investigadora que irá testar os quatro anticorpos em culturas de células.

Desses anticorpos, serão escolhidos os que demonstrarem maior eficácia e depois enviados a Joaquim Sagalés, do CreSA, para testá-los em animais. Caso apresentem resultados positivos, o tratamento será testado em outros animais, de modo a verificar a sua eficácia e segurança antes de administrá-lo às pessoas.

A longo prazo, a parceria entre o BSC, o IrsiCaixa e o CreSA pretende também desenvolver uma vacina contra o novo coronavírus.

Com todos esses imprevistos, o mercado global vem sofrendo uma queda. Ainda sim, várias empresas que fabricam máscaras, vacinas, desinfetantes e entre outros, estão conseguindo um lucro nessa crise, que se dá através do o aumento da comercialização desses produtos.

Foto: Agência Brasil