Banco Mundial Concede Empréstimos a 100 Países e Brasil Fica de Fora

Sete países do continente estão incluídos, dentre eles, Argentina, Paraguai e Uruguai. Objetivo é amenizar a crise do novo coronavírus

Atualizado em maio 28, 2020 | Autor: Michelle Verginassi
Banco Mundial Concede Empréstimos a 100 Países e Brasil Fica de Fora

O Banco Mundial emitiu empréstimos de emergência para combater o novo coronavírus, a cem países em desenvolvimento, que abrigam 70% da população mundial, anunciou a instituição em comunicado, divulgado nesta terça (19). Dos cem países, 39 estão na África Subsaariana e outros sete na América Latina e no Caribe. Os desta região são: Argentina, Equador, El Salvador, Haiti, Honduras, Paraguai e Uruguai. O Brasil não está entre os países contemplados.

Dentre os países que foram beneficiados, um terço está em crise ou em situação de conflito, como Afeganistão, Chade e Níger, por exemplo. “A pandemia e o fechamento de economias avançadas podem mergulhar 60 milhões de pessoas na pobreza extrema, acabando com grande parte dos recentes progressos realizados na luta contra a pobreza”, destacou o presidente do Banco Mundial, David Malpass.

Em uma teleconferência, Malpass disse que este é “um estágio importante” nos esforços do Banco para mobilizar US$ 160 bilhões em 15 meses. Esse plano de crédito é destinado ao fortalecimento dos sistemas de saúde dos países mais necessitados durante a crise.

Malpass convidou, ainda, outros doadores a somarem esforços, para ajudar os países mais pobres, observando que eles enfrentam perdas críticas devido ao declínio das remessas e do turismo. O Banco Mundial projeta que este ano a economia global contrairá 5%.

Imagem arranhada

Por causa de brigas deflagradas pelo presidente Jair Bolsonaro, o Brasil sequer foi convidado para lançar a “Colaboração Global para Acelerar o Desenvolvimento, Produção e Acesso Equitativo a diagnósticos, tratamento e vacina contra o covid-19”, no fim de abril, reunindo países como França e Alemanha, além de organizações internacionais, fundações e empresas privadas.

Enquanto vários governos prometiam juntar forças contra o vírus, que já matou milhares de pessoas pelo mundo, Bolsonaro acusava a Organização Mundial de Saúde (OMS) de incentivar masturbação de crianças, por exemplo.

No contexto da chamada “Act Accelerator”, a União Europeia (UE) conseguiu, no espaço de algumas horas, a promessa coletiva de 7,4 bilhões de euros para financiar o desenvolvimento da vacina e outros instrumentos contra a pandemia.

Brasil pode ser um dos últimos a receber vacina contra novo coronavírus

Por isso, o Brasil corre o sério risco de ficar no fim da fila para receber vacina contra a covid-19, por uma iniciativa internacional, visando acelerar a produção de vacina, tratamentos e testes contra a pandemia e assegurar um acesso equitativo.

Correndo atrás do prejuízo, setores no Brasil na área de ciência e tecnologia se movimentam para convencer o governo a participar na ação global. Primeiro porque, apesar do discurso de acesso equitativo da iniciativa, o risco é de o país, se ficar fora do “’Act Accelerator”’, não ser prioritário para receber a vacina, não poder influenciar na questão de preços e enfrentar condições inferiores.

Por sua vez, se integrar a iniciativa global, o Brasil abre também oportunidade para a Fiocruz e a indústria brasileira fazerem alguma etapa do processo produtivo. Será necessário um volume tão gigantesco de vacinas, que vai se precisar de muitas fábricas em torno do mundo para produzir.

A participação na iniciativa global é voluntária e a oportunidade para entrar continua aberta. Esse é o caso também de um movimento convergente que será lançado no fim do mês, a chamada “’Call to Action”. Trata-se de uma plataforma proposta pela Costa Rica para facilitar o acesso e uso de dados, conhecimento e propriedade intelectual de tecnologia para detectar, prevenir, controlar e tratar a pandemia.

Troca-troca no Ministério da Saúde

Com a imagem bastante deteriorada, o Brasil é visto com espanto no exterior e ainda mais agora, com demissões de dois ministros da Saúde em um mês em plena pandemia, provocando questionamentos sobre o custo humano de orientações contraditórias.