Crianças no EAD o desafio de pais e professores

Do acesso à internet e a aparelhos eletrônicos, como tem sido as aulas remotas no Brasil

Atualizado em maio 4, 2021 | Autor: Michelle
Crianças no EAD o desafio de pais e professores

A  pandemia acelerou o desenvolvimento de softwares e aplicativos para as mais diversas áreas do nosso cotidiano, para que todos pudéssemos trabalhar, fazer compras, realizar consultas médicas e estudar a distância. O sistema EAD não é novidade, já era comum entre faculdades e ensinos técnicos, mas na educação básica infantil, nem alunos e professores possuíam qualquer treinamento para desenvolver uma maneira efetiva de ensinar os pequenos a distância.

Adaptação das escolas

Um ano depois as escolas, já funcionando em sistema híbrido, com metade dos alunos em sala de aula e outra metade estudando em casa, o avanço da doença no Brasil obrigou muitas cidades a interromperem mais uma vez as aulas presenciais.

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As escolas passaram a gravar vídeos aulas e disponibilizar para os alunos, outras usam ferramentas de reuniões ao vivo para manter a interação em tempo real com as crianças. Em todos os casos tem sido difícil o acompanhamento por parte dos professores com relação a atenção e rendimento das atividades, O que torna essencial o acompanhamento dos pais e responsáveis na hora das atividades e das aulas e isso nem sempre é possível.

A qualificação profissional dos docentes com as novas tecnologias de ensino são inexistentes, todos passaram a ter que se adequar e aprender na prática, o que tem sobrecarregado o número de atividades fora dos horários de aula.

Com as crianças em idade pré-escolar e alfabetização os desafios são ainda maiores. Os professores possuem em sua formação, mecânicas necessárias para ajudar as crianças a desenvolverem suas habilidades cognitivas e motoras. E com uma educação dirigida pelas telas do computador, celular ou tablet, as atividades que contribuem com esse desenvolvimento não são possíveis.

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Como prover fatores de psicomotricidade para crianças a distância, enquanto as mães e repensáveis não possuem nenhum tipo de informação sobre o assunto?

E o que dizer da concentração das crianças no ensino fundamental, para absorver conteúdos que já em sala de aula demonstravam dificuldades?

O que existe na prática é um esforço coletivo para manter mesmo sem planejamento, as crianças em atividade educacional, mas todos sabem que existem deficiências que já demonstram seus efeitos nos rendimentos dos alunos.

Adaptação das famílias

Do outro lado temos os pais com dificuldades ainda maiores para manter seus filhos estudando, seja por questões econômicas, disciplinares ou estruturais.

De uma hora para outra, famílias com mais de um filho em idade escolar, passaram a precisar de dispositivos eletrônicos para o acompanhamento das aulas. Algumas vezes a conexão de baixa transferência de dados interferindo na qualidade da reprodução das aulas. Algumas famílias com apenas um computador sendo divididas entre aulas e trabalho home office, e tem aqueles que não possuem condições para nenhum desses suportes.

A situação é ainda mais conflitante quando os pais não pararam de trabalhar durante o isolamento. Pais que desde cedo colocam seus filhos em creches e educação integral para que fosse possível trabalhar e garantir um suporte seguro para o dia dos filhos.

Outra reclamação dos pais e responsáveis é que muitos não tem conhecimento das matérias abordadas, principalmente nas classes mais baixas, onde boa parte não teve acesso à educação e não conseguem ajudar as crianças em seus trabalhos escolares.

A pandemia tem contribuído para agravar um dos maiores problemas dos nosso país a qualidade da educação, onde as pessoas de baixa renda são as mais prejudicadas.

Poucas crianças conseguem ter um material tecnológico e acompanhamento extra para aprendizagem, bem como um ambiente familiar que propiciem uma maturidade emocional para toda a adaptação que o momento exige.

Os prejuízos para o futuro

Com um ensino adaptado para uma situação adversa, e uma flexibilização do MEC nos critérios avaliativos para a mudança de série, certamente deixarão muitas crianças com uma qualidade de aprendizagem aquém a sua idade correspondente. Alguns especialistas apontam para uma possível recuperação ou incluir um ano a mais após o terceiro ano do Ensino Médio, como forma de reverter os efeitos de um ensino raso por conta da pandemia.

Outro dado preocupante é a evasão escolar, que atingiu não só as pessoas de baixa renda, que são a maioria, mas alguns pais de classe média também optaram por retirar seus filhos da escola por vários motivos, seja por não se adaptarem ou não acreditar na qualidade do ensino online, pela dificuldade de manter uma rotina familiar com ensino em casa, o índice de cancelamento de matrículas em 2020 chega perto dos 4 milhões.