Especialistas Indicam Fim da Pandemia Em Um Mês, Exceto Em Países Como o Brasil

Diminuição nos índices e na circulação do vírus geram o otimismo

Atualizado em maio 27, 2020 | Autor: Michelle

Sites de instituições de referência, como a Universidade Johns Hopkins e Worldometers mostram claramente a tendência mundial: os casos de pneumonia ligados à covid-19 e as mortes decorrentes do vírus estão diminuindo em números absolutos. Os especialistas acreditam que, caso não haja um forte avanço, a pandemia pode terminar em um mês.

Em contrapartida a essa tendência, na quarta (20), a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciava que as contaminações tinham ultrapassado 5 milhões de casos no mundo. Esse avanço se deve a um número recorde de novos casos em quatro países específicos: Brasil, Rússia, Arábia Saudita e Estados Unidos.

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Apesar desse agravante, os indícios de uma luz no final do túnel existem, como indicam os dados sobre aumentos diários de casos, como de apenas 1,2% nos Estados Unidos, 0,3% na Alemanha, 0,25% na França, Itália e Espanha.

O site do jornal econômico Les Echos lembra que na Suíça, os casos evoluíram em apenas 0,05% por dia, desde o início de maio. As exceções na Europa ficam por conta da Bélgica (0,6%) e Reino Unido (1,2%).

Propagação do vírus diminui em 95%

O professor de Fisiologia na Universidade de Paris, Jean-François Toussaint, é otimista em relação ao fim da pandemia. Em entrevista na última sexta (22) à France Info, ele lembra que a propagação do vírus na França teve queda de 95% em relação ao pico da crise, entre fim de março e começo de abril. “O risco não desapareceu, mas é bem menor”, afirma o médico.

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Toussaint criticou, de maneira veemente, a decisão do governo francês em proibir o acesso às praias durante a fase de isolamento social. “São os locais onde há menos chance de contaminação”, declarou o especialista, lembrando que “em espaços abertos, o ar pode circular e se renovar mais facilmente”, explica.

O médico citou ainda vários indícios que apoiam a tese do fim da pandemia. “As doenças atualmente decorrentes da Covid-19 são raramente graves. Na Europa e no mundo, a mortalidade diminuiu em 50% em relação ao pico de 16 de abril. A doença recuou e até mesmo sumiu em 50 regiões do mundo”, argumenta Toussaint.

“Há exemplos como a Nova Zelândia, que há três semanas não tem nenhum caso de contaminação ou morte. Se a França seguir essa tendência, a epidemia vai acabar”, afirma o profissional.

Segunda onda já pode ter ocorrido?

O médico Jean-François Toussaint diz que a probabilidade de uma segunda onda de contaminações não pode ser excluída. Apesar disso, o especialista é reticente em relação à eficácia do lockdown, alegando que não há dados concretos a respeito. “Países que não fizeram confinamento tiveram menos casos fatais que o esperado”, observa o profissional.

Toussaint declarou ainda à France Info que é possível que a segunda onda já tenha até mesmo acontecido. “São duas fases diferentes da doença”, explica o especialista. “Há uma fase que não é detectada, e provavelmente pode ter acontecido no outono do ano passado [do Hemisfério Norte] no mundo todo, com toda a circulação nas ruas, o turismo, os intercâmbios com a China”, detalha o médico.

Ele lembra que, a partir de janeiro, o número de casos explodiu, primeiro na Ásia e depois no Irã. “Em fevereiro foi na Itália, em março na França, Espanha e em toda a Europa. Essas propagações sucessivas dão a entender que as contaminações já estavam acontecendo com antecedência”, avalia Toussaint.

América do Sul é considerada o novo epicentro do Covid-19?

A América do Sul se tornou o novo epicentro da pandemia do novo coronavírus, disse o diretor do programa de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS) em uma coletiva de imprensa na última sexta (22). “Vimos muitos países sul-americanos com número de casos aumentando, e claramente há preocupação em muitos desses países, mas certamente o mais afetado é o Brasil a esta altura”, afirmou Michael Ryan.

A declaração foi feita após o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, ser questionado como avaliava a epidemia no Brasil após o país ter registrado mais de mil mortes nos últimos dois dias e se a organização estava negociando alguma assistência direta ao país.

Adhanom pediu então que a pergunta fosse respondida por Ryan, que informou que a Organização Pan-americana de Saúde, o braço da OMS na região das Américas, está auxiliando não apenas o governo federal, mas também muitos dos governos estaduais.

“A maioria dos casos é da região de São Paulo, mas também Rio de Janeiro, Ceará, Amazonas, Pernambuco estão sendo afetados. Mas em termos de taxas de ataque, as mais altas estão, na verdade, no Amazonas: cerca de 490 pessoas infectadas para cada 100 mil habitantes, que é uma taxa de ataque bem alta”, disse Ryan.

Dessa forma, o continente sul-americano assume o lugar que era até então dos Estados Unidos e já coube antes à Europa e à China como a região do mundo mais preocupante por causa do grande número de novos casos de Covid-19 registrados por dia.