Guia alimentar da população brasileira
Um documento oficial do Ministério da Saúde que orienta uma alimentação saudável, é alvo de críticas e discussões por parte dos empresários da indústria de alimentos
Nos anos 80, o governo dos Estados Unidos, preocupado com o crescimento da obesidade no país, e o altos índices de doenças decorrentes desse problema, apresentou a OMS (Organização das Nações Unidas) um documento que orientava como deveria ser a conduta alimentar da sua nação. Logo depois, a OMS junto com a FAO (Organização para Alimentação e Agricultura), recomendou aos países que elaborassem um guia alimentar que se adequasse a cultura local, mas com base científica para combater a desnutrição e controlar o surgimento de doenças relacionadas a má qualidade dos alimentos.
Com um aumento de obesos no Brasil e um crescimento astronômico de hipertensos e diabéticos, causando grandes prejuízos a saúde pública, o governo brasileiro apresentou a primeira edição do Guia Alimentar da População Brasileira em 2006, e em 2014 uma versão melhorada que é usada até o momento.
Comparação do GAPB 2006 e GAPB 2014
A atualização do Guia Alimentar é muito importante para garantir o estudo científico das pesquisas realizadas sobre os alimentos e os efeitos na saúde. As mudanças de comportamento social e alimentar das pessoas também se modificam. O Guia dos Estados Unidos, por exemplo, é atualizado a cada 5 anos, e o nosso GAPB de 2006, possuía um modelo muito parecido com o norte-americano, sendo adaptado em alguns alimentos naturais que é comum em nosso país.
O agrupamento dos alimentos era feito de acordo com os nutrientes e representatividade biológica, por exemplo: cereais, raízes, frutas, verduras, proteína animal e laticínios.
Não havia uma recomendação de alimentação com base na rotina dos brasileiros e sim conforme o valor nutricional e seus benefícios para a saúde.
De 2000 para 2013, houve um aumento significativo no consumo de alimentos industrializados por parte dos brasileiros, e isso foi considerado na pesquisa que atualizou o Guia de 2014, que passou a fazer uma classificação dos alimentos in natura, dos processados e ultra processados. Como forma de conter os problemas causados por essa mudança, o Ministério da Saúde incluiu no guia uma cartilha de como preparar as refeições, procurando incluir o máximo possível de produtos in natura, usar em pouquíssima quantidade os processados e evitar os ultra processados.
O Guia Alimentar de 2014 acresceu um valor familiar e emocional nas novas aplicações
O GAPB de 2014, foi totalmente revisado e contou com estudos e pesquisas cientificas do NUPENS (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde Pública) da USP, que levou em consideração o comportamento alimentar do brasileiro, sua cultura regional diversificada e elaborou o Guia, seguindo a comprovação científica dos graves problemas de saúde associados a ingestão de alimentos ultra processados. No Guia completo constam todas as informações técnicas a respeito desses estudos e os valores nutricionais, mas em resumo, em que sugere o Guia para a segurança alimentar da população, temos as principais informações:
- Priorizar o consumo dos alimentos in natura e minimamente processados: frutas, verduras, legumes, grãos, carnes, ovos, leite, farinha e castanhas.
- Usar em poucas quantidade: sal, açúcar, gorduras e óleo no preparo dos alimentos.
- Consumir menos alimentos processados: alimentos em conserva, queijos, pães.
- Evitar comer alimentos ultra processados: refrigerantes, biscoitos, salgadinhos, salsicha, macarrão instantâneo.
- Comer sem pressa, em locais limpos e de preferência em companhia de amigos ou da família.
- Fazer compras em locais que tenham uma grande oferta de alimentos in natura.
- Cozinhar as próprias refeições, evitando comer fora.
- Compartilhar e incentivar receitas e habilidades culinárias.
- Ao comer fora de casa, prefira locais onde a comida é feita na hora.
- Avalie a publicidade em torno de alimentos industrializados, procure sempre as informações científicas sobre a qualidade e segurança para a saúde desses alimentos.
Críticas ao Guia Alimentar para a População Brasileira
Desde sua primeira edição, os fabricantes de alimentos industrializados procuram retirar o Guia, alegando que não há comprovação científica para que o surgimento de doenças relacionadas ao consumo de alimentos processados e ultra processados. Eles alegam que durante a fabricação podem ser incluídos muito mais nutrientes e vitaminas do que os encontrados em alimentos naturais. Em 2020, a Deputada Federal e Ministra da Agricultura Tereza Cristina, solicitou uma nova revisão do GAPB, junto ao Ministério da Saúde, alegando que o documento seria “confuso” e “incoerente”. O Guia Brasileiro tem sido referência mundial em qualidade e transparência científica e é defendido por toda a classe médica, estudiosos de comportamento alimentar e doenças crônicas não transmissíveis.
O acesso ao Guia está disponível online para toda a população brasileira no site do Ministério da Saúde: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf