O futuro do trabalho é feminino

Apesar de mais mulheres terem largado seu emprego no início da pandemia e injustiças históricas, este cenário já vem mudando, principalmente pela força do empreendedorismo feminino

Atualizado em abril 27, 2021 | Autor: Michelle Verginassi
O futuro do trabalho é feminino

O quadro pandêmico na economia gerou uma piora no mercado de trabalho. Isso não é segredo para ninguém.

Mas, este cenário impactou as mulheres com mais força. O que é comprovado pelo percentual de mulheres que estão trabalhando: 45,8%.

São os dados mais recentes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Um nível tão baixo ocorreu apenas em 1990, quando a taxa ficou em 44,2%.

Apesar do cenário não ser dois melhores, a verdade é que as mulheres estão ganhando cada vez mais espaço no universo do trabalho.

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A projeção de futuro é mais animadora. Isso porque a mulher se destaca em cargos e funções estratégicas, principalmente em um mundo cada vez mais tecnológico, onde qualidades femininas tendem a ser valorizadas.

 

Número maior de mulheres deixou seus empregos no início da pandemia

Com o início da pandemia, o fique em casa e o fechamento de escolas e creches, muitas mulheres tiveram de abrir mão de trabalhar fora.

É o que demonstra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua): 7 milhões de mulheres deixaram o mercado de trabalho na segunda quinzena de março, do ano passado.

Quando iniciou a pandemia, o número de mulheres que saiu do trabalho foi maior que o de homens, em torno de 5 milhões.

Mas este fato acabou tendo um revés, visto que muitas destas mulheres passaram a empreender, de casa mesmo. É o que demonstra uma pesquisa do Sebrae.

Por outro viés, desde os tempos das cavernas, o homem era responsável pelo provento e a mulher pelo cuidado. E este cuidado é que faz o futuro do trabalho ser feminino.

A consultora de tendências Daniela Klaiman defende que o futuro do trabalho será feminino. São vários fatores elencados por ela, um deles, que a tecnologia vai substituir o humano.

Em muitas destas profissões, segundo ela, o homem é que vai ser mais afetado, pois as qualidades femininas no mundo corporativo tendem a ser valorizadas.

Tanto neste quesito como na humanização do trabalho e do atendimento, vai predominar a força da mulher, que tem mais adaptabilidade, sensibilidade, inteligência emocional e conhecimento implícito.

Para Klaiman, a inteligência artificial vai automatizar muitas tarefas, mas tende a não desvalorizar algumas profissões. É aí que o racional sai perdendo e o emocional terá mais valor.

As máquinas vão superar os humanos, isso já ocorre, mas muitas atividades hoje com predominância feminina jamais poderão ser substituídas por robôs, pois a sensibilidade e o contato de uma mão humana não poderão ser substituídos.

 

O que as empresas estão fazendo pelo trabalho feminino

O futuro do trabalho é feminino também porque há um despertar cada vez maior por parte das empresas para corrigir estas injustiças seculares.

Nos EUA, alguns passos já foram dados nessa direção de equalizar a mão de obra feminina e masculina.

Todas as empresas do S&P 500, índice em que as 500 maiores empresas dos EUA estão listadas, possuem pelo menos uma mulher em seus conselhos de administração.

No Brasil, empresas estão investindo para aumentar a força de trabalho feminina em todas as posições.

O grupo XP firmou um compromisso público de ter pelo menos 50% de mulheres em seu quadro em todos os níveis hierárquicos até 2025.

O mesmo foi feito pela Coca Cola Brasil, ainda em 2011. A meta era ter 50% de mulheres até 2020. E foi atingida no ano passado.

O Boticário estabeleceu metas e planos de diversidade para incluir mais mulheres em seu corpo de funcionários.

O Nubank quer contratar 3.300 mulheres em menos de cinco anos. Hoje elas representam 41%. O queridinho do cartão roxinho também quer ter 50% de mulheres em cargos de liderança até 2025.

Aliás, a empresa tem nova CEO neste ano, justamente uma mulher, Cristina Junqueira, que foi uma das cofundadoras.

A frase dela ao fazer o anúncio é impactante: “O contato com líderes mulheres ajuda outras mulheres a alcançarem altas posições e a ficarem mais tempo nas empresas.”

 

A força da mulher no empreendedorismo

Com a taxa de empreendedorismo brasileiro batendo recorde nos últimos 14 anos, é possível esperar ver cada vez mais as mulheres nessa área.

No Brasil, as mulheres são maioria quando o assunto é a criação de novos negócios.

É o que aponta o Relatório Executivo Empreendedorismo no Brasil, publicado pelo Sebrae, em parceria com o Global Entrepreneurship Monitor (GEM).

As mulheres representam 50% dos empreendedores que estão em estágio inicial.

As mulheres também representam 43,5% dos empreendedores no Brasil, segundo o estudo Global Entrepreneurship Monitor, publicado pelo Sebrae.

Elas representam 14,2 milhões, enquanto os homens atingem a marca de 13,3 milhões.

 

Mulheres foram mais ágeis para implementar inovações na pandemia

A crise provocada pela pandemia atingiu todos os empreendedores. Mas o número de mulheres foi menor.

É o que mostra a pesquisa do Sebrae e Fundação Getúlio Vargas: as mulheres empreendedoras foram mais ágeis para implementar inovações.

Pelo levantamento, a maioria das mulheres (71%), fez uso das redes sociais ou internet para vender seus produtos. O percentual de homens ficou em 63%.

A pesquisa também revelou que o empreendedorismo está em processo de reabertura dos negócios. E aí, nova vantagem para as mulheres (76%) em relação aos homens (75%).

Em sintonia com dados históricos do Sebrae, o levantamento mostrou que há uma predominância das mulheres em empreender em casa (35%), em comparação com os homens (29%).

Muitas dessas empreendedoras, inclusive, são chefes de família.

Em 10 anos, o número das empreendedoras chefes de família aumentou 70%. Hoje, quase 4 em cada 10 donas de negócios também são chefes do lar.

 

Mulheres empreendedoras que servem de inspiração

E já que estamos falando em empreendedorismo feminino, se depender do exemplo destas quatro mulheres, não vai ser difícil você encontrar motivação. Ou inspiração.

Quem as vê hoje na mídia a frente de grandes negócios, não imagina que o início também foi difícil, à frente de empreendimentos que também eram pequenos.

 

Cristina Junqueira

Sócia e cofundadora do Nubank em 2013, foi eleita uma das mulheres mais influentes do mundo das fintechs por uma revista britânica.

Ela nasceu em Ribeirão Preto, interior de São Paulo e é engenheira de graduação. Em abril deste ano assumiu o cargo de CEO deste que é um dos maiores bancos digitais do Brasil, avaliado em 25 bilhões de dólares.

 

Sônia Hess

Seu Duda e Dona Lina passaram a fabricar roupas com tecidos que sobraram de fazendas nos idos de 1.957.

Ali nasceu a Dudalina, em Blumenau, mas foi a filha, Sônia Hess, que assumiu a presidência da camisaria e a transformou na maior exportadora de camisas do país.

 

Alcione Albanesi

Começou uma confecção aos 17 anos, mas no distante 1992, ela teve o start de trazer ao país uma lâmpada fluorescente a baixo custo.

O resultado foi um empreendimento inovador, a FLC, especializada em lâmpadas que substituíram aquelas incandescentes (aqueciam o ambiente, inclusive) que talvez você nem lembra mais ou nem chegou a conhecer.

 

Luiza Helena Trajano

É claro que não poderia faltar a Luiza nesta lista. Ela revolucionou a empresa da família, tornando a Magazine Luiza em um dos maiores varejistas do Brasil.

Talvez, seu maior legado seja estar a frente ou apoiando causas como empreendedorismo, mulheres empreendedoras e outras tantas entidades e lutas Brasil afora.