Nem a pandemia para o agronegócio
Pelo contrário: enquanto a humanidade padece na maior crise sanitária deste século, as exportações brasileiras batem recordes
Milhões de infectados, centenas de milhares de vidas perdidas, hospitais abarrotados e ainda pouca vacina para tantos braços.
Passado quase um ano do início da pandemia da covid-19, a expectativa de dias melhores na saúde mundial parece estar distante no horizonte.
Enquanto isso, nos campos brasileiros, as plantações seguem a perder de vista de tanta vista e prosperidade como nunca.
Sim, em meio à maior crise humanitária deste século, o agronegócio brasileiro vive seus melhores dias.
Qual a explicação para isso? É o que analisamos neste post.
Planejamento
Eis aí a palavra-chave que fez toda a diferença no sucesso do agronegócio brasileiro, apesar da pandemia que vivemos.
O agronegócio assimilou rápido quais seriam os reflexos da pandemia para o setor e trabalhou em frentes estratégicas.
A começar por iniciativas preventivas à doença, com a promoção de orientação e proteção a todos os envolvidos direta e indiretamente.
Ao mesmo tempo, os produtores mantiveram o ritmo de produção nos diversos setores que compõem o agronegócio.
Safra recorde
O resultado não poderia ter sido melhor: a safra de grãos está caminhando a galope para bater seu próprio recorde pelo terceiro ano seguido.
A expectativa é que as colheitas que acontecem neste início de 2021 atinjam 260,5 milhões de toneladas – 2,5% a mais que o ano passado.
Na mesma toada está a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas, que deve atingir inéditas 254,1 milhões de toneladas.
Os dados são do último Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A soja segue como carro-chefe da agricultura brasileira, com estimativa de entrega de mais de 129 milhões de toneladas.
A valorização desta commodity no mercado internacional ampliou as áreas produtivas – o que explica o aumento da produção.
Esta expansão atingiu o milho, cuja queda de 1,5% já era prevista em virtude da redução de área plantada do grão.
Os setores do agronegócio que mais exportam no Brasil são, pela ordem, o complexo Soja, carnes, produtos florestais, o complexo sucroalcooleiro e ainda cereais, farinhas e preparações.
A informação é da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Liderança
O mercado reconhece a liderança da ministra da pasta, a engenheira agrônoma e empresária Tereza Cristina neste processo.
Uma deferência, aliás, muito distante à do colega dela, o general do Exército lotado no Ministério da Saúde, Eduardo Pazuello.
Política à parte, o fato é que Tereza Cristina agiu rápido para implementar medidas de suporte ao agronegócio brasileiro.
A ministra atuou para garantir o fluxo de embarque nos portos, além de ampliar apoio logístico para que a produção chegasse até lá.
Além de monitorar o escoamento da produção de 2020, Tereza Cristina já preparou terreno financeiro para a que virá.
O Plano Safra reservou suporte de R$ 236 bilhões em crédito subsidiado para os produtores rurais de todo o país.
Além dos grandes empreendimentos do agronegócio, o dinheiro também é destinado a pequenos e médios produtores.
Ampliação de mercados
Ao mesmo tempo em que os países fecharam suas fronteiras para conter o vírus da covid-19, o agronegócio as escancarou novos mercados.
Apenas em 2020, o Brasil ampliou suas relações comerciais para exportação de alimentos com pelo menos 51 países, segundo dados do governo federal.
A ampliação de negócios é menor que a de 2019, naqueles dias ainda sem pandemia, quando foram alcançados mais 38 mercados internacionais.
A China é a maior importadora da produção brasileira no agronegócio. O país asiático comprou um terço de toda produção em 2020.
Em cifras, os chineses desembolsaram US$ 34 bilhões (R$ 185,09 bilhões) no ano passado – 9,8% a mais que em 2019.
O segundo principal destino do agronegócio brasileiro são os Estados Unidos, apesar da retração de 2,9% no fluxo de recurso – o atual está na casa dos US$ 6,96 bilhões (R$ 37,91 bilhões).