Em Meio a Coronavírus, Pedidos de Seguro-Desemprego Nos EUA Sobe Mais de 10 Vezes
De acordo com o presidente do Federal Reserve, o número de desempregados no país, apenas nos últimos dois meses saltou de 282 mil para 3.28 milhões
Ao contrário do que muitos esperavam, nem a maior economia mundial ficou livre dos impactos do novo coronavírus, Covid-19. Em uma entrevista à NBC na quinta-feira, Jay Powell, presidente do Federal Reserve, disse que os Estados Unidos “podem muito bem” já estar em recessão.
Prova disso, é que na última quinta feira (26), era o dia de divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) trimestral dos Estado Unidos e foi constatado que o número de pedidos de auxílio desemprego no país cresceu de 282 mil na segunda semana de março, para 3.28 milhões na semana passada.
Os economistas do mercado financeiro compilaram no consenso Bloomberg (sistema que proporciona acesso a dados de mercado consolidado e normalizado em tempo real) que havia a expectativa de aumento do desemprego no país, no entanto, o número esperado era de 1.982 milhões.
“Este é um número impossível de compreender. Acabamos de eliminar um ano e meio de crescimento no emprego ”, disse Martha Gimbel, economista do trabalho da Schmidt Futures.
Recorde Negativo
Até então, o recorde de pedidos de auxílio-desemprego no país mais rico do mundo eram de 695 mil, número constatado em 1982. Esse aumento significativo bateu um recorde no número de desempregados nos Estados Unidos e reflete o tamanho do impacto econômico da pandemia de coronavírus na América, desde que as cidades e Estados começaram a restringir reuniões públicas e, em alguns casos, ordenassem que os moradores ficassem em casa.
“Quase todos os estados que fizeram comentários citaram os impactos do vírus Covid-19”, disse o Departamento de Trabalho na quinta-feira (26).
De acordo com os relatórios dos Estados do país, a área mais afetada pela pandemia é a área de entretenimento , visto que hotéis e restaurantes foram atingidos de maneira particularmente violenta, mas essa não foi a única parcela da população que ficou desempregada.
“É simplesmente desastroso em muitos níveis”, disse Torsten Slok, economista-chefe do Deutsche Bank Securities. “Os dados de sinistros mostram que as empresas que cortam custos já têm sérias conseqüências, tanto para o crescimento quanto para o mercado de trabalho”, acrescentou.
O Número de Desempregados Pode Ser Ainda Maior
“A coisa mais importante a se lembrar é que essa é uma quantidade insuficiente de pessoas que sofrem”, disse Gimbel. Os dados das reivindicações do seguro desemprego refletem apenas aqueles que conseguiram solicitar o benefício.
Muitos outros trabalhadores americanos tiveram suas horas de trabalho drasticamente reduzidas ou não conseguiram acessar os sistemas estaduais pois o número de pessoas solicitando era tão grande, que sobrecarregou o servidor.
Em uma entrevista à NBC na quinta-feira, Jay Powell, presidente do Federal Reserve, disse que os EUA “podem muito bem” já estar em recessão. A pandemia está afetando todos os estados que já enfrentam déficits orçamentários.
De acordo com um cálculo do Departamento do Trabalho americano, vinte e três estados não dispunham de fundos fiduciários de seguro-desemprego no ano passado, antes do choque do coronavírus, e nem mesmo funcionários o suficiente para atender toda essa demanda de solicitações.
Os Estados Americanos Precisam de Ajuda
Devido ao número de solicitações de seguro-desemprego repentinas, cada Estado está agindo de uma maneira distinta, tentando a todo custo, atender os pedidos e reduzir o período de espera dos desempregados, mas não estão conseguindo sozinhos.
A fim de minimizar essa situação, o Senado está entrando em ação aprovando um projeto de lei que visa aumentar o financiamento para os departamentos estaduais de trabalho e disponibilizar benefícios prolongados nos Estados onde a taxa de desemprego aumenta em pelo menos 10%.
A maior vantagem desse projeto de lei seria a garantia de um acesso mais amplo aos benefícios pelos desempregados, fornecendo aos que perderam seus empregos condições de comprarem itens básicos como mantimentos, gás, ter dinheiro para pagar suas contas e outras necessidades.
“Esse financiamento poderia fornecer o apoio necessário aos estados que agora estão contratando rapidamente para reconstruir suas equipes”. Disse Michele Evermore, analista sênior de políticas do National Employment Law Project em Washington, DC.
Além da reconstrução da equipe de atendimento, esse amparo por parte do Governo seria de grande importância para ajudar a diminuir o impacto nas economias locais e, consequentemente, no país em si.